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Atendimento das gestantes curitibanas registra piora na pandemia

Segundo dados do Centro de Epidemiologia da capital, 63% dos partos são cesáreas e a cada 100 mães atendidas no SUS, pelo menos 13 são menores de idade

Antes da pandemia, Curitiba era internacionalmente reconhecida pelo excelente atendimento às grávidas no sistema público de saúde. Mas, depois do COVID-19, a realidade é outra. Segundo dados divulgados pelo Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, o perfil dos partos mudou.

Em 2019, a Maternidade Victor Ferreira do Amaral realizou aproximadamente 210 partos por mês. 75% deles normais. Já a Maternidade Bairro Novo realizou 165 partos por mês, sendo 72% de forma natural. Ambas as unidades eram endereços de referência em parto humanizado, mas com o Plano de Contingência em resposta à emergência sanitária na cidade, essa infraestrutura foi realocada.

“Em 2021, realizamos uma Audiência Pública sobre violência obstétrica, justamente para entender como ficou esse cenário pós-covid. Depois desse encontro, fizemos alguns encaminhamentos na prefeitura, e o que descobrimos são dados alarmantes”, revela a vereadora e procuradora da mulher da Câmara de Curitiba, Maria Leticia.

Já no primeiro ano de pandemia, de março a dezembro de 2020, o perfil dos partos mudou na cidade: 64% dos partos foram cesáreas e apenas 36% dos bebês vieram ao mundo por parto normal. No ano seguinte, em 2021, o padrão se manteve. De janeiro a setembro, Curitiba contabilizou 21.270 nascidos vivos, sendo 62% de cesáreas e apenas 38% normais. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o indicado é que as cidades mantenham o índice de cesarianas em apenas 15%.

Outro dado relevante é a idade das parturientes atendidas no SUS na capital. 13,3% têm entre 10 e 19 anos. “Isso significa que a cada 100 mulheres grávidas, pelo menos 13 são menores de idade. A pergunta que fica é: como Curitiba está atendendo essas meninas que viram mães?”, questiona a vereadora Maria Leticia. Para ela, essa realidade demonstra a importância de se investir em educação sexual. “Saber dos riscos de uma gravidez precoce impacta na saúde dessas meninas, mas também nos índices de evasão escolar e equidade de gênero”, completa.

Mortalidade materna em alta

De janeiro a setembro de 2021, Curitiba registrou uma taxa de mortalidade materna superior ao estabelecido pelas ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Segundo a entidade, a mortalidade das mães deve ser menor que 70 ocorrências por cada 100.000 nascidos vivos. Em Curitiba a média é superior ao desejado: são 105,1 mortes para cada 100.000 nascidos vivos.



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