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Maria Leticia destaca casos de feminicidio e importância Lei Maria da Penha

Em novembro de 2004, há pouco mais de uma década, chegava ao congresso nacional por meio da Secretaria Especial das Políticas para Mulheres, que já não existe mais, um projeto de lei de enfrentamento a violência conjugal, doméstica e familiar, contra mulheres que foi na época bastante ambicioso, fruto de mais de três décadas de lutas nos movimentos feministas no país.

Fico preocupada com a violência contra a mulher. Mesmo com a lei comemorando 12 anos temos visto frequentemente nos noticiários mulheres que tem sido mortas com violência, um desrespeito a todas as cidadãs mulheres do país. O feminicídio, é a última etapa do ciclo de violência contra a mulher, antes disso são torturas físicas e psicologicamente por meses, anos e até mesmo décadas até serem brutalmente assassinadas, muitas vezes por espancamento.

Infelizmente tem sido de forma regular esses casos.

Temos a impressão que as pessoas não sabem o que é feminicídio, tem que deixar bem claro: é assassinato de mulher pela condição de ser mulher, são crimes que ocorrem geralmente na intimidade dos relacionamentos, e com frequência caracterizam-se por formas extremas de violência e barbárie.

Sou uma militante das causas da mulher, e muito me entristece ver que a mídia em muitos casos é escandalosa, expõe sem pudor a violência extrema sem se sensibilizar com os pais e mães das vítimas. Um crime absurdo e grosseiro contra essas famílias. E mais: não podemos achar que esses agressores são monstros, eles são homens comuns, vítimas de uma sociedade machista patriarcal, cuja cultura ainda é a de posse do corpo de suas companheiras. A grandeza da memória da Lei Maria da Penha fez sim o diferencial, mas precisamos nós todos agora fazer a nossa parte, isso significa respeitar as mulheres em suas decisões e garantirmos sua liberdade, até hoje em risco unicamente por questões culturais arcaicas.

Maria Leticia Fagundes é médica ginecologista e legista de carreira no Instituto Médico Legal do Paraná, onde faz frente aos direitos das mulheres no atendimento às vítimas de violência doméstica. É fundadora da MaisMarias, organização que surgiu a partir da Campanha de Combate à Violência Contra as Mulheres, da Associação dos Médicos Legistas do Paraná. Com o compromisso de informar a sociedade sobre a Lei Maria da Penha, realizou dezenas de palestras em comunidades de vários bairros de Curitiba, Região Metropolitana e interior do Paraná.

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