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#VAITERTEXTÃO 383 incêndios da boate Kiss. 364 tragédias de Brumadinho. 308 quedas de avião. 1 bomb

Muito provavelmente, nesta próxima semana chegaremos a 100 mil mortes no Brasil. Sabemos que há meses o tema da pandemia domina todos os jornais, mas continua urgente refletir sobre como é possível viver indiferente assistindo ao aumento ininterrupto de mortes. Como é possível a inércia do Poder Público em tomar medidas eficazes para combater a crise econômica? E o que isso pode dizer sobre a nossa sociedade e sobre o futuro que estamos construindo?

Vimos nesta semana, na cidade de Curitiba, a apreensão de anestésicos de pequenas clínicas para serem usados no tratamento do coronavírus pela Secretaria de Saúde, porque em meio a uma pandemia global, o preço desses medicamentos subiu 200% e há escassez de oferta*. Ouvimos do Presidente da República que não se deve ter medo do coronavírus, mais uma declaração irresponsável entre tantas. Nesta semana, também chegamos a 92 mil e 500 brasileiros e brasileiras mortas pelo vírus que, segundo o Presidente, não se deve temer.

Essas duas situações nos trazem a reflexão sobre como a morte também permite o lucro de grandes corporações e como não há limite ético que se imponha às leis de mercado. Da mesma forma, não há limite moral às declarações indecentes de um Presidente indigno do país que tem sob seu comando.

A ausência desses limites permite que continuadamente estejamos lutando contra a fome, um problema extremamente básico diante da abundância de recursos e de tecnologia desenvolvidos até hoje. Segundo relatório da Oxfam, de 08/07/2020**, a pandemia acelerou o aumento da fome no mundo e no Brasil. O relatório afirma que “o Programa Mundial de Alimentos (PMA) estima que o número de pessoas em situação de crise de fome subirá para 270 milhões antes do fim do ano, o que representa um aumento de 82% em relação ao número registrado em 2019” no mundo.

No Brasil, desde 2018 temos enfrentado severos cortes nos orçamentos para agricultura familiar e proteção social. Em 2019, passou-se a desmantelar programas e órgãos bem sucedidos há anos, como o CONSEA, Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, órgão essencial para o combate à fome segundo a ONU***.

O desemprego, as necessárias medidas de isolamento e o fechamento de pequenos negócios aceleraram ainda mais a situação de vulnerabilidade social e econômica de milhões de brasileiros, enquanto os primeiros a serem “socorridos” foram os bancos. Há recursos, há possibilidades. Falta vontade política, falta priorizar a vida. Não vivemos apenas uma crise sanitária, econômica e social. Vivemos uma crise civilizatória.

Referências:


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